Brasil Esporte

Tiro Livre

MARACANAZO A seleção uruguaia, que chegou à Copa do Mundo, no Brasil, de salto alto, posando de favorita, afundou nas oitavas de final, ao tombar diante da surpreendente Colômbia, no Maracanã, no dia 28 de junho, por 2 a 0. Foi o fim do sonho de impor ao Brasil um novo vexame futebolístico. Em outras palavras, a derrota da celeste olímpica espantou, de vez, o fantasma da Copa de 50, que voltava a atormentar os torcedores brasileiros. Naquela que é considerada a maior tragédia brasileira em copas do mundo, os uruguaios chocaram o Brasil ao vencer a seleção verde-amarela, na final, em pleno Maracanã, pelo placar de 2 a 1, num triste episódio, chamado pelos uruguaios de “Maracanazo”.

Mas, por ironia do destino, o feitiço acabou virando contra o feiticeiro. Ou seja, décadas depois, a seleção uruguaia acabou se envolvendo em seu próprio Maracanazo. Desta vez, o arco da história se inverteu, e eles caíram vítimas da sua própria utopia. Esperavam humilhar o Brasil novamente, em outra final, mas acabaram atropelados por outra amarelinha, bem antes do planejado. Como diz o velho ditado popular: “Quem deseja mal ao seu vizinho, o seu vem pelo caminho”.

NIVELADO POR BAIXO? A Copa do Mundo do Brasil tem revelado um aspecto bastante curioso. Seleções consideradas mais fortes têm penado diante daquelas tidas como de “menor expressão”. Algumas, inclusive, foram surpreendidas por elas. É o caso, por exemplo, de Espanha, Itália, Portugal e Rússia. A Espanha, aliás, foi o maior fiasco do torneio. Chegou ao Brasil como uma das grandes favoritas, defendendo o título de atual campeã do mundo, e acabou eliminada ainda na primeira fase. Foi um drama emocional para os seus torcedores e um prejuízo financeiro incalculável para os seus patrocinadores.

Por causa do extraordinário desempenho dessas equipes menos tradicionais, muita gente começou a se fazer a seguinte pergunta: “O futebol dos pequenos cresceu ou foi o dos grandes que encolheu?” Ora, parece ter havido as duas coisas. Enquanto muitas seleções de nome acreditavam que o status de celebridade seria suficiente para ganhar a copa, as menos badaladas passaram a sonhar alto, vislumbrando a possibilidade de mudar a história. E, aliando o seu sonho de vitória a fatores como garra e boa estratégia de jogo, elas começaram a encurralar seus adversários, independentemente do peso de suas camisas e da fama dos seus jogadores, impondo a eles certos “constrangimentos” e, até, em alguns casos, verdadeiros vexames.

RECEITA DE FORA Algumas das seleções consideradas menos expressivas, que vieram à Copa do Mundo do Brasil, parecem ter encontrado o caminho das pedras na arte de jogar bola. Abriram mão de soluções caseiras, e arriscaram na contratação de treinadores estrangeiros. A iniciativa tem dado certo. O excelente desempenho de times como Chile e Colômbia, treinados por argentinos, e Costa Rica, cujo técnico é um colombiano, comprova a teoria. A explicação é simples: os treinadores de fora levaram para esses países uma forma inovadora de jogar futebol, com técnicas e táticas que transformaram elencos comuns em equipes competitivas e vencedoras. Em outras palavras, embora não disponham de tantos talentos futebolísticos, como os países mais tradicionais nesse esporte, tais seleções “menos afortunadas” estão perdendo, de vez, o “complexo de vira-lata” (expressão cunhada pelo saudoso Nelson Rodrigues). A partida entre Chile e Brasil, no dia 28 de junho de 2014, pelas oitavas de final, em que a seleção brasileira quase foi eliminada, mostrou que, pelo menos nas Américas, o futebol está bastante nivelado. Portanto, aquele papo de adversário freguês não é mais certeza de ganhar jogo. Ou seja, tradição só não basta, porque, como se costuma dizer no futebol, “O jogo é pra ser jogado…”.

INSTINTO DE CANIBAL O atacante Luís Suárez, da seleção uruguaia, parece ter uma queda por carne humana. Sua atração é tão forte que já o levou a morder três adversários: um deles pelo campeonato holandês, o outro em jogo do campeonato inglês. E no caso mais recente, ocorrido na atual Copa do Mundo do Brasil, no dia 24 de junho, na Arena das Dunas, em Natal. A vítima da vez foi o zagueiro italiano Chiellini, no jogo em que a celeste olímpica venceu a Itália por 1 a 0, eliminando a Azzurra ainda na fase de grupos. Por esse motivo, a Fifa puniu o atacante do Liverpool por nove partidas da seleção uruguaia, além de suspendê-lo de todas as atividades relacionadas ao futebol por quatro meses.

Dias depois do episódio, em documento publicado na Internet, Suárez se mostrou arrependido. “Me arrependo profundamente. Peço perdão a Giorgio Chiellini e a toda a família do futebol. Me comprometo publicamente a nunca mais me envolver em um incidente como este”, reza o texto, entre outras alusões.

Para muitos, o castigo foi severo demais. O próprio Chiellini, que aceitou o pedido de desculpas, criticou o rigor na decisão da Fifa. “Está tudo esquecido. Espero que a Fifa reduza a sua suspensão”, publicou o zagueiro italiano nas redes sociais.

Para o jornal espanhol AS, no entanto, o pedido de desculpas de Suárez não é sincero, pois seguiu apenas uma recomendação do Barcelona, que tenta contratá-lo para a próxima temporada e, para isso, busca o abrandamento da sua punição. O periódico baseia sua teoria no fato de que, há poucos dias, em sua defesa em documento enviado à Fifa, o uruguaio negou que tenha mordido o jogador italiano.

Teorias à parte, o fato é que o histórico de violência de Luís Suárez, no futebol, começou muito cedo. Ainda aos 15 anos, quando ele jogava pelo Nacional do Uruguai. Na época, durante uma partida, ele foi expulso por quebrar o nariz do juiz com uma cabeçada.

Em 2010, quando era jogador do Ajax, da Holanda, ele mordeu o pescoço de Otman Bakkal, do PSV, durante um clássico do campeonato holandês. Pelo ato violento, o atacante pegou uma suspensão de dois jogos. A punição, no entanto, não serviu para frear o ímpeto do atleta que, em 2013, já como jogador do Liverpool, voltou a agir, mordendo o zagueiro Ivanovic, do Chelsea, em partida do campeonato inglês.

Além dos casos de agressão física, Suárez também é acusado de racismo. O jogador, Evra, por exemplo, o acusou de o haver chutado durante uma partida do campeonato inglês. Segundo o francês, ao ser questionado sobre sua atitude, Luisito teria proferido a seguinte expressão: “Eu não falo com negros”.

Por Josué Batista, [email protected]

]]>

SEJA UM ASSINANTE
Como assinante, sempre que houver uma nova postagem, você será o primeiro a receber o conteúdo, com exclusividade.
icon

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.