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VEXAME A derrota da seleção brasileira para a Alemanha, nas semifinais da Copa do Mundo, no dia 8 de julho, no Mineirão, pelo placar de 7 a 1, foi a pior na história do nosso país em copas do mundo. Foi, sem dúvida, um vexame sem precedentes. No entanto, para muita gente, o resultado já era previsível, apesar de ninguém, nem mesmo os alemães, ter imaginado que ela pudesse vir por um placar tão elástico. Polêmicas à parte, a verdade é que a seleção alemã foi, de longe, a que mais se preparou para a competição, apresentando um futebol bonito, eficiente e bastante convincente. Ver a Alemanha jogar, hoje, nos remete ao Brasil de tempos passados, que, não somente sabia jogar bola, mas dava show nos gramados. Que saudade daqueles tempos! Será que foram eles que aprenderam conosco, ou fomos nós que desaprendemos com eles?

COMPLEXO DE SUPERIORIDADE A goleada sofrida pelo Brasil para a Alemanha, apesar de dolorida, precisa ser encarada como uma tragédia anunciada, pois todos sabem que não é de hoje que a Seleção Brasileira vem dando sinais de fraqueza. Já passamos vexame diante de equipes como Paraguai, México, Suíça, entre outras, que, até poucos anos, eram “freguesas” da nossa Amarelinha. Episódios dessa natureza mostram que o futebol nacional parece ter parado no tempo, embora muitos cartolas e treinadores brasileiros, ainda presos a práticas retrógradas, se recusem a aceitar tal realidade. Luiz Felipe Scolari, por exemplo, é um deles. Com sua postura truculenta, e sua teimosia doentia, ele achava que detalhes banais como superstição e retrospecto seriam fatores importantes para fazer um campeão. Errou feio! Acreditou, ainda, que o fato de haver conquistado a Copa da Coreia e do Japão em 2002, sobre a própria Alemanha, o habilitaria a papar o título do mundial. Quanta prepotência! Ora, em 2002, apesar de enfrentar a descrença de grande parte dos torcedores brasileiros na seleção, ele tinha um elenco bastante experiente, com nomes de peso, como Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo, entre outros, ao contrário de agora, quando contava com uma equipe mais modesta, considerada “meia boca”, por alguns comentaristas esportivos. Além disso, aliada à escassez de talentos, Felipão também teve que engolir algo bem indigesta: o fato de que o mundo inteiro tem estudado o nosso modo de jogar, copiando nossas virtudes e investindo, competentemente, contra nossas fraquezas.

Hoje, não há mais os chamados “patos mortos” no mundo da bola. Portanto, chega de pensar que o futebol da atualidade seja comparável ao da época de Garrincha, por exemplo, quando a inocência de muitos adversários era tão grande que, num simples gingar de corpo, correndo sem a bola, o “Anjo das Pernas Tortas” seduzia o seu marcador a acompanha-lo, sem perceber que a pelota havia ficado para trás. Era um tempo “romântico”, de uma inocência cômica. Hoje a coisa é diferente. O amadorismo não tem mais vez no futebol. E, por não atentarmos para isso, padecemos. E, como consequência, o resultado a se esperar não poderia ser diferente do que acabamos de ver na Copa do Mundo. Por tudo isso, é bom que a lição tenha sido bem aprendida, para que erros como os cometidos na Copa do Mundo do Brasil voltem a ocorrer no futuro.

RETROCESSO A CBF anunciou, no dia 22 de julho passado, o nome de Carlos Caetano Bledorn Verri (o Dunga), como o novo técnico da seleção brasileira. O anúncio pegou de surpresa não somente torcedores, mas também setores da imprensa, que esperavam uma mudança radical no comando da Canarinha. O fato é que, depois da derrota vexatória para a Alemanha na Copa do Mundo, esperava-se que o futebol brasileiro pudesse, de fato, passar por uma renovação. No entanto, a resposta dada pela CBF mostra que tudo deve continuar como antes: Trocam-se seis por meia dúzia.

A entidade máxima do nosso futebol quer vender a ideia de que Dunga foi um treinador vencedor. Mas a história mostra o contrário. Por sua passagem pela seleção, não há nada que comprove isso. Treinando a seleção, ele ganhou apenas uma Copa América, na Venezuela, em 2007, e uma Copa das Confederações, na África do Sul, em 2009. Parece muito, mas o fato é que, sob seu comando, o Brasil perdeu a Olimpíada de Pequim, na China, em 2008, de forma humilhante, para a Argentina, e a Copa da África, em 2010, sendo eliminado pela Holanda, nas quartas de final. Aliás, ele havia sido contratado para ganhar, prioritariamente, essas duas competições.

Não se pode negar que Dunga, apesar de não ter sido nenhum craque, foi um jogador bastante “raçudo” nos clubes pelos quais atuou, inclusive pela própria Seleção Brasileira, quando ajudou a Canarinha a conquistar a Copa do Japão e da Coréia, em 2002, por exemplo. No entanto, como treinador, ele ostenta um currículo, de fraco a mediano. E, a nosso ver, fazendo coro com a maioria dos brasileiros, defendemos que sua indicação representa um retrocesso, um remendo velho numa roupa nova. E a questão é simples: Dunga é um treinador ranzinza, teimoso e de competência bastante discutível. Na sua última passagem pela seleção, ele passou mais tempo brigando com a imprensa e preocupado com seu figurino do que com técnica e tática. Há no país nomes mais fortes do que o dele, como Muricy Ramalho, do São Paulo, Tite, ex-Corinthians e Marcelo Oliveira, do Cruzeiro, entre outros, que estariam à altura do cargo, sem sombra de dúvida.

LIÇÃO O projeto campeão iniciado pela Alemanha tem tudo para perdurar por muito tempo. A prova disso é que penas 18 dias depois de faturar o tetra da Copa do Mundo no Brasil, os alemães já conquistaram mais um título. Trata-se do Europeu sub-19, conquistado, na Hungria, sobre Portugal, pelo placar de 1 a 0, no dia 31 de julho. Como se vê, já começa a surgir uma nova geração, que deverá, em alguns anos, substituir o grupo que integra a seleção principal. Isso é o que se pode chamar de planejamento a curto, médio e longo prazo!

Por Josué Batista, [email protected]

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