Lindaci e Jailton Lima
Abreu e Lima Economia Meio Ambiente Social

Cooperativa Érique Soares: uma jornada de luta e sustentabilidade

Por Jailton Lima

Localizada em Desterro e liderada pela dedicada Sra. Lindaci, a Cooperativa Érique Soares é o resultado de uma longa história de perseverança e determinação. Seu início remonta aos dias do antigo lixão de Abreu e Lima, situado em Inhamã, onde um grupo de pessoas, incluindo a própria Sra. Lindaci, trabalha incansavelmente há uma década.

“Somos oriundos do antigo lixão de Abreu e Lima, e trabalho aqui há 10 anos juntos com outras pessoas”, compartilha Sra. Lindaci. “Dentro do lixão, enfrentamos momentos difíceis. Recordo-me do entrave quando os garis estavam retirando todo o sustento dos catadores. Foi nessa época que fechamos o lixão”.

Esse fechamento foi um marco que atraiu a atenção da então deputada Ceça Ribeiro e da mídia, mas infelizmente, o apoio do prefeito da época, Jerônimo Gadelha, não foi suficiente para impulsionar avanços significativos. Desde então, a luta persiste desde 1998.

“A partir desse episódio, permanecemos no lixão por mais 3 anos antes de buscarmos o Ministério Público para encerrá-lo, visando ao cumprimento de decretos e, especialmente, para proteger as crianças”, continua Sra. Lindaci. “Foi assim que formamos a Associação Érique Soares, que mais tarde se transformou na atual Cooperativa”.

A virada veio com um edital da Petrobras e Fome Zero, em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco. Esse projeto, iniciado em 2006, implantou a Coleta Seletiva Porta à Porta, focando na educação ambiental. Desde então, a cooperativa se dedica a essa prática nos bairros locais.

Os parceiros desempenharam um papel crucial nessa jornada. O apoio do Governo Federal através de editais proporcionou equipamentos essenciais, como caminhões, prensas, balanças e empilhadeiras, facilitando o trabalho árduo dos cooperados. A Fundação Banco do Brasil e o engajamento com deputados e vereadores também foram fundamentais.

“Em 2009, nos tornamos uma cooperativa, inicialmente sediada no Fosfato, mas a demanda crescente nos levou a buscar um terreno maior, onde hoje ocupamos 2 mil metros quadrados, embora ainda não seja o suficiente”, relata Sra. Lindaci.

A legislação nacional de resíduos sólidos, Lei 12305, abriu portas. Em 2015, a cooperativa conseguiu um contrato de prestação de serviços com a Prefeitura de Abreu e Lima, embora o valor pago por tonelada continue sendo insuficiente para cobrir despesas fixas.

“A realidade é desafiadora. Retiramos 100 toneladas por mês, porém, isso é muito pouco considerando que cada habitante gera cerca de um quilo de resíduos diariamente, totalizando aproximadamente 100 mil toneladas mensais”, destaca Sra. Lindaci.

Com 18 pessoas trabalhando na cooperativa, a remuneração é baseada nos dias trabalhados, mas ainda assim, as despesas não estão sendo plenamente cobertas. “Produzimos 100 toneladas de reciclagem, porém, o valor recebido da prefeitura é insuficiente para custear nossas despesas fixas”, lamenta Sra. Lindaci.

A Cooperativa Érique Soares é um exemplo de resiliência e compromisso com a sustentabilidade, mas enfrenta desafios significativos para se sustentar financeiramente. O desejo é que o reconhecimento e o apoio cresçam, possibilitando uma operação mais estável e sustentável para essa notável iniciativa.

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