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O Gigante chamado China e sua forma de pensar a educação

Olá, queridos leitores do Folha Metropolitana!

Bem-vindos à coluna Educação e Tecnologia!

Sou o professor Washington Tavares, e a partir deste primeiro artigo estaremos juntos numa incursão pelo mundo da Educação e das Tecnologias voltadas para o universo da “ENSINAGEM”, conforme termo da pesquisadoras e educadoras, Léa Anastasiou e Leonir Pessate.

Para esse primeiro momento, vamos falar um pouco sobre o Gigante chamado China e sua forma de pensar a educação.

China, uma vida voltada para o estudo

Sem dúvida alguma a China caminha para ser a maior potência mundial em Inteligência Artificial na próxima década, e possivelmente se tornará a primeira economia do mundo também. Possuindo o maior sistema de educação do mundo, e com uma história que passa os dez mil anos, a China possui pilares bem rígidos em sua educação desde a primeira infância, porém, o governo chinês sabe que para ser a maior economia do mundo, tem que melhorar substancialmente sua educação.

Enquanto a maioria dos alunos brasileiros estuda apenas em um horário do dia, os alunos chineses estudam em tempo integral, chegando a serem notados alunos que estudam o dia inteiro até tarde da noite. Em alguns internatos do país, alunos passam semanas ou meses distantes de suas famílias. Porém, nas escolas normais, as crianças ficam nas escolas até o fim da tarde.

Alguns fatores justificam tamanha dedicação e disciplina aos estudos. Diferente do Brasil, um aluno chinês passa por dois grandes exames nacionais, um exame chamado zhongkao, para entrar nas melhores escolas do ensino secundário, e outro chamado gaokao, para entrar nas faculdades e universidades. Este último exame, que se equipara ao nosso Enem, é o mais importante, pois direciona a profissão e o futuro dos milhares de estudantes chineses. Uma reprovação aqui representa grave decepção para o aluno e a família, que vivem sob enorme pressão por resultados.

Esta concorrência por uma vaga faz com que a educação chinesa seja baseada na Disciplina Rígida, na Meritocracia, no Autodidatismo, e no poder da Memorização. É comum aos domingos encontrar as bibliotecas cheias de estudantes, na mais formal disciplina e silêncio, em busca de uma preparação para o gaokao(Enem chinês) ou mesmo quando já estão no ensino superior. Na China, a educação se confunde com a própria vida. Se um aluno estuda para o gaokao em casa, mas o seu vizinho o atrapalha porque está fazendo uma reforma ou construção, esta atividade barulhenta pode ser suspensa enquanto durarem os meses de preparação do aluno em estudo, tamanha é consciência sobre o que o estudo representa na vida.

Bem, ainda que alguns desses pilares (Disciplina Rígida, Meritocracia, Autodidatismo, Memorização) sejam criticados no mundo ocidental, os resultados do baixo analfabetismo e do crescimento tecnológico do país, acabam por prolongar os investimentos nessas metodologias educacionais. O antigo e o moderno parecem encontrar um meio termo vantajoso para a economia e a projeção mundial da China no mundo globalizado.

Claro que esse regime de concorrência gera graves distâncias nos resultados entre os alunos dos grandes centros urbanos e aqueles que vivem na área rural do país. Além das injustiças entre as famílias com maior poder aquisitivo que acabam encontrando melhores condições de ensino para seus filhos, e consequentemente melhores empregos. Possivelmente seja esse o grave desafio da política educacional chinesa, tornar mais igualitárias as oportunidades entre ricos e pobres, entre pessoas que vivem nos grandes centros e nas zonas rurais. Nesse ponto, tudo muito igual ao nosso querido Brasil.

Para finalizar, deixo a seguinte afirmativa do filósofo italiano Antônio Gramsci, cujas afirmações se confundem com o futuro chinês de se tornar a primeira potência do mundo:

“A história da educação mostra que toda classe que quis tomar o poder se preparou para o poder através de uma educação autônoma. O primeiro passo na emancipação da escravidão política e social é libertar a mente. Eu levo adiante a seguinte ideia: A educação popular deve estar no controle da grande união dos trabalhadores. A questão da educação é a questão de classe mais importante”.

Foto: (Guang Niu/Getty Images)

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