Maestrina Mônica Lima
Cultura Destaque Educação

O poder transformador da arte na periferia de Camaragibe realizado pela Maestrina Mônica Lima

Por Jailton Lima

Na Escola Antônio Correia de Araújo, situada no Bairro dos Estados, periferia de Camaragibe, uma mudança radical aconteceu desde que Mônica Lima, uma ex-aluna, decidiu iniciar uma banda marcial na instituição.

Mônica, nascida e criada no Bairro dos Estados, sempre nutriu uma paixão pelas bandas marciais, uma herança de seu pai e irmã mais velha, ambos músicos.

Desde os 9 anos, ela já se aventurava com os instrumentos, mesmo que fosse de forma clandestina, até finalmente ingressar na banda, onde permaneceu até a idade adulta.

MAESTRINA Mônica Lima
MAESTRINA Mônica Lima

“Mesmo após os 32 anos, eu desfilava no 7 de setembro. Entretanto, com o noivado, a gravidez e o casamento, me distanciei um pouco. Contudo, o desejo de montar uma banda na minha antiga escola permanecia vivo. Escrevi um projeto e apresentei”, compartilhou Mônica.

Além do amor pela música, a preocupação com o destino precoce de crianças e adolescentes da comunidade, enredados na criminalidade por falta de opções culturais, foi um fator preponderante para a realização desse sonho.

“A escola, situada em uma área periférica, é praticamente a única fonte de atrativo para os jovens. O projeto não só promove organização e disciplina, mas também instiga os alunos a acreditarem em seu potencial. Mônica, uma ex-aluna que retornou como professora de música, se tornou uma inspiração para eles”, afirmou a diretora da instituição, Edna Rodrigues.

O início não foi fácil. Mônica visitou diversas escolas em busca de instrumentos antigos. Inicialmente, a banda contava com apenas seis, mas hoje, com cerca de 100 membros, possui 44 instrumentos, todos adquiridos por meio de doações.

Como sua dedicação à banda é inteiramente voluntária, Mônica se desdobra para administrar os ensaios, conciliando-os com seu trabalho noturno como vigilante e seus estudos no Conservatório Pernambucano de Música.

“A bandeira da nossa banda exibe seis estrelas, simbolizando a união para formar um cidadão exemplar. Os alunos têm diversas responsabilidades para participar, incluindo ajudar em casa, manter boas notas e praticar atividades. Quando surge algum problema, as famílias entram em contato comigo”, acrescentou Mônica.

Apesar das dificuldades, o pulso firme da maestrina, exemplificado pelo retorno de Kauã Thiago à escola, e a transformação na vida de Laysa Lorrane, demonstram o impacto positivo da banda. No entanto, a falta de estrutura e investimento público continuam sendo obstáculos a serem superados, assim como os desafios enfrentados pelo bairro, evidenciados pela tragédia de 2019.

Apesar das adversidades, a banda segue em frente, celebrando suas conquistas, como o campeonato na Copa Pernambucana de Bandas e Fanfarras em 2022, e aguardando apoio adicional para explorar todo o seu potencial, oferecendo uma alternativa valiosa para os jovens da comunidade, longe da criminalidade e em um ambiente seguro.

Veja também matéria publicada no G1: https://g1.globo.com/google/amp/pe/pernambuco/noticia/2023/11/07/maestrina-de-camaragibe-usa-banda-marcial-como-ferramenta-de-resgate-social-a-rotina-do-bairro-era-o-trafico.html

SEJA UM ASSINANTE
Como assinante, sempre que houver uma nova postagem, você será o primeiro a receber o conteúdo, com exclusividade.
icon

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.