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Para Armandão, visita ao Macambira foi só homenagem a João Lyra

Personagem de extrema gentileza no trato, o empresário Armando Monteiro Filho tem um argumento infalível quando quer fazer um pedido: Companheiro, faça-me essa homenagem. É batata, ninguém nega.

Seu filho, Armando Neto, aprendeu isso em casa e tanto na Federação das Indústrias de Pernambuco, como na CNI, pode comprovar que gentileza e elegância no trato das pessoas são coisas que abrem porta e, especialmente, não as fecham.

Para costurar sua atuação em Brasília, por exemplo, ele usou muito a expressão cunhada por seu pai e ela ajudou muito quando se meteu na campanha de senador que levou a vaga, com mais votos, quando todo mundo achava que seria Humberto Costa.

Por isso, Armando Monteiro Neto foi à festa do sítio Macambira, no último sábado, remexer o corpo ao som de uma banda de forró e saborear um bom cardápio pago com o dinheiro do contribuinte na propriedade do vice-governador João Lyra, sabendo que o sonho de virar candidato ao governo de Pernambuco com o aval do governador Eduardo Campos é um sonho impossível. Mas, como diz seu pai, tinha que prestar ao vice-governador “essa homenagem”.

O senador sabe dessa impossibilidade. E se não souber, alguém precisa lhe dizer que a menos que se bandeie com mala, cuia e seu deputados e prefeito para o PSB, Eduardo Campos não tem como dar-lhe a legenda.

A menos que o governador, e candidato a presidente da República, deseje cometer um suicídio político indo para uma campanha majoritária com um candidato fora de seu partido e ainda por cima pertencente à base aliada do Governo Federal que ele se apresenta contra.

Mas Armando sabe muito bem que Eduardo Campos não vai fazer isso. Mas, ele foi. Precisa ir. Para não parecer descortês com Lyra e com Eduardo. E foi fazer aquela “homenagem” aos dois.

Mas, não deve ter sido fácil. Ele viu a animação de João Lyra, que comprou camisa vistosa para sair bem na foto com a filha Raquel e cuidou de cada detalhe do forrobodó em Caruaru neste final de semana. João Lyra (que já tem assegurado nove meses no governo), sabe que apenas Fernando Bezerra Coelho tem prazo para decidir seu futuro. E que Armando Neto não estará na chapa que ele sonha encabeçar ano que vem, sob as bênçãos de Eduardo Campos.

Lyra sabe que, diferentemente dele, e de Armandão, é FBC quem precisa escolher entre ficar no partido e arriscar a vaga convencendo o governador e ao próprio João Lyra de que “ele” é a melhor opção para a disputa do Governo.

Ou “partir para novos desafios” com diz aquele trecho clássico das cartas de demissão das empresas. Ou seja: o problema de Fernando Bezerra Coelho não é de ficar no partido de Eduardo Campos, mas se deve sair dele.

Isso explica a alegria de João Lyra no remelexo do Sitio Macambira. Ao contrário de FBC que pode sair, ele está entrando no partido de Eduardo Campos para dar força e tranquilidade ao governador com a opção confiável que ele, João Lyra, julga ser a melhor solução se comparado a Fernando Bezerra Coelho. Ele está saindo do PDT para virar socialista de carteirinha. Até porque, de qualquer forma, vai estar mesmo na cadeira de Eduardo Campos e com a caneta do Diário Oficial na mão.

Tem mais: Armandão sabe que todo seu corrichado em Brasília com o PT não lhe garante muita coisa. Quem foi que ele apoiou na eleição para prefeito? Geraldo Júlio. E quem era o candidato do PT? Humberto Costa.

Ele certamente não pensa que Humberto, João Paulo, Pedro Eugênio e o PT de Pernambuco já deixaram e fazer a conta de como seria diferente se Armandão jogasse o peso de sua tropa em favor da candidatura do senador petista.

Talvez, até ache que o PT pode abrir mão de ter uma candidatura própria e ainda apoiar outra de outro partido, de graça, só para “detonar” o candidato Eduardo Campos? Mas, essa é uma conversa que os dois lados vão exigir um fiador para fechar o negócio.

O diabo é que tem o fator FBC. Porque FBC é do ramo. O ministro está hoje se sentindo pinto no lixo com os salamaleques que o Palácio do Planalto lhe faz. O ministério meia-boca que Eduardo Campos lhe no Governo Dilma (por não ser candidato ao Senado na vaga que hoje é de Armando), virou uma botija de moedas de ouro. E ele vai levar essa situação até o dia em que terá que decidir se desembarca do Governo Dilma Rousseff e se abraça com Eduardo Campos, com a vaga garantida de candidato ao governo de Pernambuco.

Porque se não tiver essa garantia, ele arranja um desses partidos mequetrefes que seriam escalados por Brasília para abrigá-lo, enquanto o PT, também por ordem de Brasília, aceitaria fazer uma “aliança estratégica” com a garantia de que, eleito, FBC daria uma boa participação no governo e do segundo governo Dilma.

O problema de Armando Neto é que ele fez a conta errada lá trás. Na cabeça dele, apoiar Geraldo Júlio em 2012 era o passaporte para Eduardo Campos apoiá-lo em 2014, afinal, estavam todos na base aliada de Dilma Rousseff. E ele não estava errado, mas não levou em conta que para Eduardo Campos para ser candidato à presidente da República Eduardo tem que ter, no seu território, um candidato do PSB.

Ao fechar com Campos e sua chapa do novato Julio, não avaliou que o governador de Pernambuco teria enormes embaraços em apoiar um candidato fora de seu partido.

Dá para imaginar o que seus adversários vão dizer por ai. E o PSB de Pernambuco fica como? E o PSB dos outros Estados? Nesse caso, não poderiam fazer o que quisessem? E que diabos de presidente de partido é esse que quer ser candidato a presidente da República e não tem cacife para bancar um candidato de seu partido na sua própria paróquia?

Certo, Armando Neto não sabia naquela época que o governador era candidato a presidente da República. Mas, hoje, ele já sabe e deve estar arrependido. Se tivesse se bandeado para o lado do PT, mesmo que Humberto perdesse tinha ficado o crédito com o PT Nacional. Mas, e daí? Em 2012 ele preferiu ficar com o governador pensando no crédito para 2014. E hoje contenta-se com a verdade de que ninguém naquele 2012 sabia dos planos do governador. Eduardo não disse isso a Armando.

Mais do que ninguém, Armando Neto sabe que, para ser candidato a governador, terá que bater chapa com João Lyra, com Fernando Bezerra vitaminado por Dilma e Lula. Ou com os dois numa chapa muito estranha onde o vice aceitaria oito meses de mandato quando poderia arriscar mais quatro.

Bom, agora Inês é morta e ele teve que sair do Recife pegar a BR-232 e aguentar aquela conversa fiado de São João no meio de um zabumba alto, sabendo que o máximo que pode acontecer é uma foto num blog das cidades onde tem correligionários.

Teve que ouvir aquele discurso de oposição duvidosa do governador criticando as vaias à Dilma em Brasília, sem poder avançar muito, pois, sabe que qualquer crítica contra o Governo Dilma é produzir prova contra si.

Também teve de aguentar aquela animação de FBC que foi cedo para a casa de Eduardo Campos, filou a bóia de Dona Renata antes de seguir com o governador para Caruaru falando das ações do Ministério da Integração no combate à seca.

E o pior: teve que fazer sala de reboco para João Lyra que além de ceder o lugar da festa deste ano já estava convidando todo mundo para o do ano que vem quando ele será o Governador e Eduardo Campos provavelmente com uma caravana nacional deve “visitá-lo” no meio da campanha presidencial.

Deve ter saído de lá com uma pergunta cruel na cabeça: o que é que eu vim fazer aqui?

Fonte: Por Fernando Castilho, especial para o Blog de Jamildo.

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