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Uma tragédia anunciada devastou Brumadinho (MG)

O local da cena mudou de Mariana para a pacata cidade de Brumadinho, situada na Região Metropolitana de Belo Horizonte. No último dia 25 de janeiro, por volta de 13h, quando centenas de funcionários da Vale estavam
no refeitório almoçando, ocorreu o rompimento de uma barragem da Vale, deixando dezenas de mortos e de desaparecidos.
A tragédia liberou cerca de 13 milhões metros cúbicos de rejeitos de minérios de ferro da mina do Feião no rio Paraopeba. A lama espalhou-se por uma área de cerca de 3,5 mil metros quadrados e por 10 km de distância. Esse incidente foi o mais destruidor da mineradora Vale, proprietária desse expansivo complexo produtor de minério de ferro.
O rompimento ocorreu na barragem 1 em Brumadinho, que armazenava rejeito de minério de ferro. Esse incidente contribuiu para que uma outra barragem do sistema da mina do Feijão transbordasse, desencadeando uma verdadeira avalanche de um mar de lama de resíduos de minérios de ferro, dizimando dezenas de vidas humanas, de animais e do meio ambiente.
O centro administrativo, que inclui também o refeitório da empresa, que na hora do rompimento, havia cerca de 300 funcionários almoçando, além de 120 pessoas trabalhando na mineradora em outros setores. Não sobrou nada, a ação foi devastadora, a lama tóxica cobriu tudo que havia pela frente: carros, caminhões, tratadores, trens e o toda parte industrial da mineradora. A lama também atingiu várias comunidades rurais, destruindo toda a produção agrícola, pousadas e casas, além de alcançar o rio Paraoepeba, numa distância de 5 km.
Dos 427 funcionários da Vale que estavam na hora do rompimento da barragem, 279 haviam sido encontrados com vida no dia 25 de janeiro. A equipe do bombeiro conseguiu resgatar 192 pessoas. Segundo informações do Corpo do Bombeiro, até o final do dia 28, 65 corpos haviam sidos resgatados, e cerca de 270 estavam ainda desaparecidos. As chances de sobreviventes são quase nenhuma, por causa da lama toxina sobre as pessoas desaparecidas soterradas.
Os bombeiros trabalham dia e noite para resgatar o maior número de corpos, e contam com o apoio de 136 soldados israelenses, especializados em resgates dessa natureza. O governo de Israel enviou 16 toneladas de equipamentos, com sonares supersônicos, que são utilizados para escanear toda a área e encontrar corpos e objetos soterrados em certa profundidade.
As buscas estão focadas na busca dos corpos desaparecidos. As forças armadas estão também dando o apoio e toda infraestrutura para que os bombeiros possam realizar, com sucesso, a busca pelas pessoas desaparecidas. Uma equipe formada por 280 homens do Corpo do Bombeiro está trabalhando nas operações de resgate. Por causa dos dejetos da lama, as áreas são de difícil acesso, o que tem dificultado os serviços de busca dos desaparecidos.
Segundo a Agência Nacional de Água (ANA) existe no País 790 barragens em atividade de mineração, sendo que 357 estão localizadas em Minas Gerais. E para fiscalizar todas essas barragens, os órgãos de fiscalização contam com apenas 154 funcionários. No caso de Brumadinho, a barragem da mina do Feião estava desativada, desde 2015. Portanto, não estava mais recebendo rejeitos, mas também não estava mais sendo fiscalizada e nem recebendo as devidas manutenções pela Vale. Infelizmente, a catástrofe ocorreu pela segunda vez, no mesmo estado, e com a mesma empresa. Qual será a próxima barragem que vai romper? Vale apena esperar? Ou a Vale precisa ser duramente punida e responsabilizada criminalmente?

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